Em uma sociedade e economia cada vez mais centradas em dados – onde o Big Data exerce poder gravitacional sobre aplicações, serviços, softwares, modelos de negócio e consumidores –, uma solução se tornará essencial a partir desta década: o **edge computing.**
A estratégia que leva o **processamento de dados para perto da fonte geradora** atende a uma exigência inegociável de velocidade em tempos de novas tecnologias como o 5G e o IoT (internet das coisas). Estas inovações tendem a levar aplicações e serviços a ficarem mais próximos da origem do dado por necessidade de **baixa latência** e de **alta taxa de transferência de dados.**
Mas por quê a velocidade no tempo de resposta virou fator crucial neste momento da indústria de TI?
Desde os primeiros mainframes da década de 1970, verificou-se uma mudança na escala de relevância daquilo que torna o processamento de dados mais eficiente. No começo, a aposta era no potencial dos equipamentos. Depois, a capacidade de transmissão se tornou vital. Agora, é a conectividade quem define o sucesso da solução.
Assim, tanto a internet das coisas quanto a nova banda de telefonia – e todo o universo de aplicações e soluções decorrentes de ambos – só serão efetivos em sua plenitude se puderem contar com networkings conectadas de forma eficiente, dispondo de **elevadas taxas de transferência de dados e de respostas no menor tempo.**
Neste **diálogo entre máquinas,** as estratégias de processamento centralizados em cloud, por exemplo, não conseguem garantir a menor latência, seja por conta de eventuais fragilidades da infraestrutura de conectividade ou mesmo de oscilações na rede de transmissão.
O edge computing surge, então, como um **facilitador da alta velocidade** requerida atualmente, ao levar o processamento para a borda, o que encurta a distância **dado-processamento-resposta** e evita os percalços da falta de conectividade.
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Piscar de Olhos
Na prática, a aplicação do edge computing impactará diversos setores da economia que já necessitam desta agilidade para se desenvolverem. A telemedicina é um deles.
Após o boom de atendimentos por videoconferência em 2020 – provocado pelo isolamento social decorrente da pandemia de COVID-19 –, o próximo passo é a consolidação segura das **cirurgias à distância.** Por sua natural complexidade, o procedimento exige tempo mínimo de resposta entre a consciência situacional sobre o paciente e a decisão do médico, via de regra, localizado longe do centro cirúrgico. Neste caso, o período entre a obtenção dos dados clínicos por meio de sensores e a devida transmissão ao cirurgião pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
Exemplo semelhante ocorre no setor automotivo, cuja disrupção vem sendo duramente sentida neste momento de Transformação Digital.
Com o aumento do interesse pela mobilidade autônoma, onde veículos *driverless* conversarão diretamente com dispositivos de gestão de tráfego posicionadas nas vias públicas, as montadoras e empresas de tecnologia investem alto no desenvolvimento de equipamentos que certifiquem essa troca de informações na casa do milionésimo de segundo. Afinal, basta um piscar de olhos para determinar – ou não – a ocorrência de um acidente de trânsito, seja o condutor humano ou digital.
`SAIBA MAIS:` Leia matéria no blog sobre “Transformação Digital e o impacto na indústria automobilística”. [Clique aqui.](https://bit.ly/3paaIV1)
Este diálogo entre infraestruturas e devices edge, aliás, não é apenas a chave para o sucesso da estratégia como também uma valiosa oportunidade de negócios. Segundo o relatório The State of the Edge 2020, da Linux Foundation, os investimentos em CAPEX previstos para esta década ultrapassarão os **US$ 700 bilhões,** com foco em infraestruturas de computação de borda.
Menos Energia
Além da questão da latência, o edge computing ajuda a mitigar outro efeito da estratégia centralizada de processamento: **o custo energético.**
Estima-se que as grandes infraestruturas de data center e clouds consumam, anualmente, cerca de 1% da energia elétrica produzida no mundo – cerca de 190 TWh, conforme pesquisa de 2020 da IEA (International Energy Agency).
Em uma rede de **edge data centers,** o consumo despenca do MWh para o KWh. Isso por conta de sua localização, que dispensa as longas linhas de transmissão, e pela capacidade de processar e armazenar os dados próximos à fonte geradora.
Um exemplo prático desta vantagem pode ser verificado no **agronegócio.** Se o processamento de dados centralizado e distante torna onerosa a **instalação de sensores em uma propriedade** – para monitorar as condições do solo e fazer a gestão de recursos hídricos –, com a infraestrutura edge esta dificuldade se dilui exatamente pela não dependência do network para a realização das tarefas. Sem os custos de transmissão, a solução se torna mais econômica, sustentável e rentável.
Smart “Edge” Cities
As cidades inteligentes são outras beneficiárias do edge computing. A sua aplicação colabora para a **implantação de soluções digitais** ligadas à mobilidade urbana, segurança pública e áreas como a saúde.
Ele se revela fundamental na concretização do diálogo entre veículos, edifícios e sistema viário, por exemplo. Na questão da segurança, confere mais agilidade no tratamento das imagens captadas pelas câmeras de vigilância.
Mais além, a computação na borda pode ser instalada em um sistema de alertas contra **acidentes naturais causados por catástrofes climáticas.** Enchentes, tornados e até tsunamis podem ter seus impactos devastadores reduzidos pelo uso uma **malha de processamento de dados próxima aos sensores** capaz de efetuar o disparo de alarmes e o imediato bloqueio de áreas de risco, entre outras medidas preventivas que permitam salvar vidas.
`SAIBA MAIS:` Leia no blog sobre “A tecnologia na gestão de risco dos eventos climáticos”.[ Clique aqui.](https://bit.ly/2IbdLf0)
Tudo é questão de tempo de resposta e, neste processo de busca pela menor latência, o **edge computing** tem papel determinante para atender aos anseios de um **mundo mais conectado, com máquinas mais rápidas e demandas mais urgentes.**