Como as novas tecnologias estão antecipando o futuro?

Smart things, digital twin, DeFi, computação quântica. Entenda o conceito de cada uma delas e como elas mudarão o jeito de viver das pessoas nos próximos anos.

Como as novas tecnologias estão antecipando o futuro?

Eletrodomésticos que monitoram sinais vitais e alertam os serviços de saúde em caso de urgência. Empréstimos de dinheiro real contratados virtualmente e independente do sistema financeiro. Previsão do tempo recebida no celular a partir de leitura das lentes do óculos. Computadores que vão ajudar a encontrar a cura de doenças. São tantas e tamanhas as novas tecnologias que estão em desenvolvimento no mundo atual que a sensação é de que o futuro literalmente já chegou – e isso está longe de ser um clichê.

Estas inovações tecnológicas transformarão o jeito de viver, de trabalhar e de fazer negócios. Smart things, DeFi, digital twin e computação quântica são algumas delas que já começam a fazer parte do dia a dia das pessoas e, por isso, torna imprescindível a compreensão de seus propósitos.

Smart things, por exemplo, aplica inteligência tecnológica aos objetos. Diversos itens domésticos ou de uso pessoal, como uma simples escova de dentes, podem ser integradas a este conceito.

A empresa japonesa Sunstar lançou recentemente a G.U.M Play, uma escova de dentes conectada via bluetooth a um aplicativo que coleta dados sobre a escovação do usuário e os envia para o processamento. As informações geradas retornam na forma de dicas sobre como melhorar a saúde bucal com orientações dadas por dentistas reais.

O uso de smart things associado a cuidados com a saúde – o que tem sido chamado de IoMT (Internet of Medical Things) – vem crescendo rapidamente. Consiste em instalar sensores em móveis como camas, cadeiras e sofás que coletam dados sobre sinais vitais (batimento cardíaco, postão arterial, nível de açúcar no sangue, entre outros) e os enviam a uma central médica de monitoramento. Isso facilita a tomada de ações preventivas ou emergenciais, bem como o acompanhamento à distância de tratamentos sem que o paciente precise sair de sua residência.

Este é um claro exemplo de como a associação da internet das coisas (IoT), edge computing, o cloud e o 5G pode gerar novas e fantásticas soluções.

Até 2030, o mundo deverá contar com 125 milhões sensores conectados à internet, confirmando a expansão acelerada o IoT – a internet das coisas – nesta próxima década. Quer entender melhor este conceito? Então, clique aqui.

Real ou virtual?
A ideia de se recriar o mundo real em ambientes digitais não chega a ser nova. Mas e se o caminho for o inverso: recriar o mundo virtual aqui mesmo, no ambiente físico? Isso já é possível também.

Os pais de crianças e adolescentes já devem ter ouvido falar no game Pokémon Go. Febre em 2016, o jogo mobile consistia em projetar imagens digitais animadas dos personagens no meio da rua. O objetivo era caçá-los por meio do lançamento de bolas virtuais, igualmente recriadas na realidade. Tudo visualizado na tela do smartphone.

O nome disso é digital twin – ou “gêmeo digital”: a recriação de objetos, lugares e até pessoas virtuais no ambiente real. Um dos grandes valores desta nova tecnologia é, por exemplo, poder simular testes e avaliações prévias de um objeto em desenvolvimento a partir da experiência do próprio usuário. Isso reduz os investimentos em prototipagem física e garante um produto final com maior usabilidade e performance.

A companhia israelense Resonai, por exemplo, implantou uma plataforma que usa a realidade aumentada para a gestão de um dos maiores shopping centers do mundo, o Moscou Trade Center, com seis mil lojas e 200 mil metros quadrados. Isso permitiu que os gestores e inquilinos administrem as suas demandas por manutenção e segurança de forma virtualizada, utilizando como pano de fundo um “gêmeo digital” de todo o empreendimento.

Para que uma aplicação de digital twin funcione plenamente é fundamental que se garanta a conectividade e a alta disponibilidade das infraestruturas de processamento. Quer entender mais sobre a relevância deste tema? Clique [aqui](https://www.green4t.com/insights/alta-disponibilidade-e-conectividade).

Free money
A criação do Blockchain, em 2008, sugeriu um novo modo de se realizar transações financeiras. Inicialmente uma plataforma de conversão de valores – livre de intermediários bancários – entre o dinheiro real e bitcoins, ela vive um momento de expansão para movimentações mais complexas e igualmente isentas de mediadores externos. O foco são aplicações como empréstimos, corretagem, gestão de ativos, emissão de derivativos, etc. Um marketplace descentralizado e ágil, operado por algoritmo pré-programado e onde os contratos são gerenciados diretamente entre as partes. Este modo de fazer negócios tem nome: DeFi – Descentralized Finance.

Em alta no ano passado, o DeFi possibilita a obtenção de empréstimos melhores ou capitalizar mais sobre uma determinada venda, por exemplo, usando como garantia apenas ativos tokenizados. O vendedor de um imóvel de alto valor como um edifício comercial poderá rentabilizar mais a sua operação se realizá-la no protocolo DeFi, uma vez que poderá fraccionar a venda em quase infinitas partes e estará livre de comissionamentos e tarifas bancárias.

Por fim, uma das mais audaciosas tecnologias em desenvolvimento agora no mundo é a computação quântica. Diferente do processo binário tradicional, ela utiliza volume de matéria ou energia – o quantum –, como a direção do spin de um átomo e a polarização de um fóton, para obter as informações necessárias em favor da execução das tarefas.

Este processo – cuja unidade básica é chamada de qubit – eleva imensamente a capacidade computacional, o que acabou atraindo o interesse das gigantes globais da tecnologia. Elas têm investido alto no desenvolvimento dos processadores quânticos que, por sua vez, trazem consigo um dilema: embora tenham um papel essencial no desenvolvimento de mais tecnologias verdes, que diminuirão sensivelmente a emissão de carbono de diversos setores produtivos, estes equipamentos precisam estar a baixíssimas temperaturas (-272º C) e dentro de câmaras à vácuo para poderem funcionar adequadamente. Pode-se imaginar elevado nível de consumo energético que um ambiente com este perfil vai requerer, o que deixa em evidência a questão da sustentabilidade destas novas estruturas.

A capacidade da computação quântica de realizar cálculos ultra complexos em questão de segundos – algo que a computação tradicional levaria milhares de anos, literalmente, para resolver – deverá promover impactos significativamente positivos em diversas indústrias.

O setor farmacêutico, por exemplo, poderá criar medicamentos e vacinas em prazo recorde, já que a nova tecnologia encurtaria muito os períodos de testagens. Ainda na saúde, o complexo mapeamento genético feito em questão de segundos e de forma muito mais precisa ajudará fortemente na prevenção de doenças.

Para quando?
Todas estas inovações já estão em sua fase de desenvolvimento pleno, com aplicações práticas em muitos dos casos. Contudo, os cientistas avaliam que elas estarão mais ‘maduras’ e disponíveis a partir do ano de 2025.

O fato concreto é que a tecnologia acelerou muito o ritmo das revoluções que transformam uma sociedade. O que antes levaria 100 anos para acontecer – em termos de mudanças de hábitos e costumes –, hoje leva uma década ou menos. Este é um fenômeno fácil de se comprovar: basta olhar para os últimos 12 meses e ver as imensas mudanças comportamentais vividas por empresas e pessoas em função da pandemia de 2020.

De todas, a mais relevante pode ter sido a constatação inequívoca da dependência humana quanto a tecnologia e conectividade digital. Um novo valor deste século, essencial para que vida possa ser suportada de forma mais harmônica em tempos tão turbulentos.