C2: comando e controle para ambientes críticos – Episódio 37

Concentrar dados e informações produzidas por diversos atores em um único centro operacional é fundamental para a geração de conhecimento que dará mais assertividade na tomada de decisão dos gestores – seja a respeito de políticas públicas, na administração de crises ou na gestão empresarial.

C2: comando e controle para ambientes críticos – Episódio 37

Cidades, infraestruturas nacionais ou grandes corporações produzem imensos volumes de dados e informações com perfis distintos e origens diversas. Concentrar todo este “big data” em um único local, para que possa ser analisado e absorvido com a máxima qualidade, é essencial para a geração dos insights que darão o suporte ideal para a tomada de decisão por parte dos gestores – sejam eles públicos ou privados.

Este recurso, denominado Centro de Comando e Controle (C2), é peça-chave para uma gestão eficiente de ambientes de missão crítica, diretamente ligados a atividades econômicas, serviços municipais, administração de crises ou até mesmo a segurança de um país. Ele acelera o tempo de resposta em momentos de crise e promove um conhecimento situacional que permite antecipar ou mitigar o impacto de eventos negativos, tanto na vida das pessoas, quanto na performance das empresas.

Contudo, para que o C2 cumpra o seu papel, é necessário ter na retaguarda infraestruturas de TI absolutamente robustas, resilientes e altamente disponíveis, operadas por profissionais experientes e especializados, que processarão e armazenarão os dados com total agilidade e proteção.

Neste episódio do podcast greenTALKS, Nelson Osório Castro Filho, Gerente de Defesa e Segurança da green4T, comenta os benefícios e aplicações do C2. Acompanhe na versão transcrita a seguir.

Olá, seja muito bem-vindo, seja muito bem-vinda a mais um episódio do podcast greenTALKS. Lembro que este conteúdo também está disponível no blog e das redes sociais da green4T.

Hoje vamos falar sobre o Centro de Comando e Controle, o C2, que é um recurso que busca garantir uma gestão integrada de dados e informações geradas em tempo real por diversos atores em um ambiente crítico. Vamos entender também a aplicação prática deste recurso nos mais diferentes segmentos.

Para comentar este assunto, nós convidamos Nelson Osório Castro Filho, que é Gerente de Defesa e Segurança da green4T. Osório, seja muito bem-vindo mais uma vez ao podcast greenTALKS.

Nelson Osorio Castro Filho – Eu que agradeço a oportunidade. Será um prazer nós discorrermos sobre o tema. Vou seguindo e vamos conversando. E estou aí, como a gente diz aí é seu comando. Prossiga aí, sem problema.

Ótimo, então, vamos lá. Qual a aplicação do C2 nas cidades? Como este recurso pode melhorar a qualidade dos serviços públicos?
Osório –
Para responder essa pergunta, primeiro temos de entender bem o que vem a ser uma “smart city”. Por definição, é uma cidade agradável de se viver, diversa e aberta. Ela é participativa, inclusiva, eficiente, neutra em carbono e competitiva. Próspera, aberta, inovadora, responsiva, sensitiva, segura e com liberdade.

Mas, como podemos perceber, não é simplesmente pelo fato de ter tecnologia de ponta, inteligência em rede, integração de equipamentos, sistemas voltados à mobilidade, saúde e segurança, que se constrói uma cidade inteligente.

Estas são soluções quando vistas de forma isolada, não atenderiam ao objetivo de termos efetivamente uma cidade inteligente, conforme a definição anterior. Ou seja, requer mais alguma coisa.

Para entendermos o que compreende uma cidade inteligente, é necessário, analisar o contexto de uma forma holística. Ou seja, as partes precisam ser tratadas como um todo de forma integrada e interdependente.

Uma cidade é uma combinação de dispersão espacial e integração global: está dispersa em bairros que são interdependentes. Portanto, o controle sobre este perímetro precisa conter uma visão de integração.

Assim, não adianta cuidar de um bairro quanto a uma determinada disciplina se em outra área aquele tema não é tratado. Por exemplo, para obter uma melhor fluidez no sistema de mobilidade, não basta ter o controle sobre a frota de ônibus, passageiros, disponibilidade. Também precisa comandar os semáforos, identificar as áreas com maior adensamento populacional para determinar horários das rotas e buscar um balanceamento dos deslocamentos.

Dessa forma, antes de colocar essa estratégia do C2 em prática, é necessário verificar se a cidade possui uma infraestrutura adequada para suportar toda essa operação. A solução não se resume a um software ou aplicativo. É preciso que sistemas computacionais e organizações interajam para trocar informações de maneira eficiente, com interoperabilidade.

Políticas públicas são metas a serem perseguidas, mas sem a devida infraestrutura tecnológica para suportar o que se pretende, não passa de um sonho no papel. Não tem mágica. É preciso ser interoperável para gerar o conhecimento necessário para a tomada de decisão que vai ajudar a gerenciar todas as disciplinas de uma cidade de forma integrada.

Para gerar esse conhecimento, é fundamental ter o máximo de controle sobre as operações diárias. Quando você tem controle, você minimiza o risco na tomada de decisão. Então, o foco é ter controle. Para ter controle, todos os gestores das mais diversas áreas do município – energia, trânsito, saneamento, segurança, saúde – precisam trabalhar de forma coordenada e colaborativa.

Este conceito é conhecido como C4I2VR – Comando, Controle, Comunicação, Computação, Inteligência, Interoperabilidade, Vigilância e Reconhecimento. Isso é um memo de coisas ou disciplinas que tem de atender a atividade de controle. Existe ciência para fazer isso. Trata do funcionamento de uma cadeia de comando que envolve três componentes imprescindíveis e interdependentes: a autoridade e a tomada de decisão, o processo decisório (as informações através dos meios de controle) e a infraestrutura.

Envolve a coleta do dado, processamento e armazenamento para gerar, ao final, o que chamamos de conhecimento para dar o suporte à tomada de decisão. Sabemos que não é simples, porém, o processo de gestão deve ser iniciado com alguma ferramenta estruturada: o centro de comando e controle e o Centro Integrado de comando. É por isso que ele tem uma importância relevante. Finalizando, não adianta tratar as coisas de forma isolada. Tem de integrar com interoperabilidade. Assim, você gera conhecimento.

Foi uma excelente introdução. Vamos pensar agora em Defesa Civil. Como é que o C2 pode ajudar nessa área é tão sensível na vida das cidades?

Osório – A Defesa Civil tem uma importância diretamente proporcional ao prejuízo que causa quando ela não é bem-feita. Às vezes, uma chuva fraca pode causar um transtorno tremendo e, a partir daí, levar a uma evolução de problemas.

Então, como falamos anteriormente, ela também necessita de comando e controle. Aliás, como tudo na vida, das coisas mais simples às mais complexas, é preciso ter controle. Das compras no mercado à gestão financeira de uma casa.

Nos filmes de ação, vemos o mocinho falando sobre ter inteligência e conhecimento prévios antes de partir para uma missão e é isso mesmo. No caso da Defesa Civil, é a entidade do C2 que reúne todos os atores envolvidos para o cumprimento da missão, promovendo uma capacidade de gerenciar cada vez maior e melhor os eventos climáticos, por exemplo.

O que normalmente ocorre é que os organismos envolvidos nessas emergências climáticas não atuam de forma única e coordenada, dentro de um centro. Ainda estão presas às suas individualidades operacionais. Todos fazem a coisa certa, mas um não fala com o outro, não estão coordenados ou só o farão após o evento já ter ocorrido. Isso é complicado quando se fala de vidas humanas e materiais. Quanto mais coordenados, melhor para minimizar a consequência do evento climático ou outro evento que venha a ocorrer.

Perfeito. Quando a gente traz isso para um ambiente mais delimitado, como são os portos e aeroportos, isso muda? Como é que é a atuação do C2 nesses dois casos?
Osório –
Um porto, na realidade, é igual a uma cidade, com problemas semelhantes relacionados a energia, transporte, segurança, clima. A vantagem é ter um perímetro menor do que uma cidade, mas com o agravante de que ali circulam cargas e pessoas ao mesmo tempo, então o risco é muito maior e os controles têm de ser muito maiores também.

Em uma fotografia simples, um porto tem o lado terra e o mar. Na terra, a preocupação é com segurança física e patrimonial, o trânsito de pessoas e de modais de transporte como caminhões e trens. Do lado do mar, tem todos os navios que, por si só, já são um fator complicador pela complexidade operacional.

Controlar todos estas disciplinas de forma integrada – navios, pessoas, cargas, caminhões, trens, guindastes – requer uma capacidade de controle enorme. São atividades que devem ser tratadas de forma interdependente, caso contrário, não serão produtivas.

Esse é o objetivo de um centro integrado de comando e controle, ou seja, concentrar a gestão onde você tenha num único lugar toda essa visão de tudo o que está ocorrendo ao seu redor.

Na green4T, temos desenvolvido estudos e trabalhado com soluções para portos e aeroportos há pelo menos oito anos. Já desenvolvemos um centro de gestão aeroportuária e implementamos no maior aeroporto da América Latina. E o aeroporto não parou: fizemos tudo sem prejudicar a operação. Os aviões continuaram voando. Então, o nível de responsabilidade, o nível de risco que a empresa assumiu foi grande. De qualquer forma, saímos bem. Já está funcionando há mais de seis, sete anos e bem. Estamos desenvolvendo agora uma visão para um C2 em um porto.

Perfeito. Falamos de cidades, Defesa Civil, portos e aeroportos. Podemos concluir que o C2 é fundamental nos mais diversos aspectos que compões a Segurança Nacional, certo? Bem como para a defesa do País. Como é que o senhor avalia a atuação do C2 nesses dois pontos?

Osório – Essa pergunta sua permite elevar o nível da conversa. Ou seja, nós fomos para o nível nacional numa visão de cima para baixo, porque realmente trata de assuntos delicados, sensíveis no território nacional, na abrangência de país. Então, para responder a essas duas perguntas, devemos definir o que é Segurança Nacional.

A Segurança Nacional é a condição que permite ao País a preservação da sua soberania e integridade territorial, a realização dos seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza. É a garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres constitucionais.

Ela está contida na Política Nacional de Defesa. Então, o que acontece envolve a todos, não só cidadãos, mas também os seus bens, suas empresas, etc. Essa é a preocupação. Então, para efeito de estudo, vamos dividir a segurança nacional em duas verticais: defesa e segurança.

A defesa, a partir do Ministério da Defesa, envolve as três Forças Armadas. A vertical da segurança envolve segurança pública, cibernética, respostas às emergências, proteção das fronteiras, antiterrorismo e proteção às infraestruturas críticas – que são infraestruturas públicas ou privadas que desempenham um papel essencial tanto para a segurança nacional, como para integração e o desenvolvimento econômico de um país. Energia, transporte, água, telecomunicações, finanças, biossegurança e bioproteção. Ou seja, tudo o que comprometa a higidez do País.

A Hidrelétrica de Itaipu deu problema? Vai refletir no País todo? Sim. Então, esta é uma infraestrutura crítica. Então, sendo privado ou público, ela passa a ter uma responsabilidade operacional perante a segurança nacional. Muitas organizações públicas ou privadas instaladas no território nacional, fazem parte da segurança nacional, devido única e exclusivamente às suas atividades, responsabilidades e funções.

No caso de segurança pública, temos uma vertical que vai do nível federal até o municipal. O que acontece na cidade, afeta o estado que, por sua vez, reflete diretamente na Federação. O dado que é gerado no município vai comprometer uma ação de governo, uma política pública de estado, e não pode ser tratado de forma isolada.

Dessa forma, a atividade de um Centro de Controle permeia todas as instituições em todas as esferas. Ou seja, quando nós falamos de uma cidade, não podemos falar de maneira isolada. Nós temos que levar em consideração todas as disciplinas e tratá-las de forma integrada porque sem uma, perdemos o controle sobre a outra.

Por isso que um C2 para uma cidade é condição sine qua non para se compreender a realidade e empreender aquela visão meio futurista de cidade onde tudo funciona. Primeiro, é preciso infraestrutura para, depois, de baixo pra cima, construir e alcançar os objetivos determinados pelas políticas públicas.

No contexto da Segurança Nacional, o C2 é fundamental tanto a nível estadual ou municipal, para que se possa compartilhar dados e informações. No nível da inteligência, o dado ou informações para que o estado e a federação como um todo possam reagir e atuar em prol da população e da defesa do país.

No setor privado, em segmentos como a mineração, agronegócio, petrolífero, óleo e gás, o centro comando e controle também é um recurso importante para a gestão de ambientes críticos e com tantas informações de diversos atores, não?

Osório – Exato. Você praticamente quase já deu a resposta. Na realidade, é exatamente isso: quando nós temos várias atividades que são críticas para que a missão seja executada, é imperativo que haja uma visão de controle para que todas essas informações sejam do conhecimento do gestor, para que ele possa tomar uma decisão. É impossível – sem um concentrador, uma entidade concentradora dessas informações – tomar a decisão correta.

Então, em qualquer campo da atividade humana, e quando entramos no grau de complexidade maior desse tipo que você citou, é necessário que haja essa concentração para que a gente possa apoiar a decisão.

E entendendo o seguinte: um C2 pode ter quatro ou 40 posições, não tem problema. O que vai definir é a complexidade da gestão, da necessidade daquela missão. O importante é ter essa capacidade de concentrar as informações todas dentro de um centro.

Uma situação interessante: muitas vezes o cliente acredita que o fato de ter câmeras e sensores de monitoramento é o suficiente. Mas monitorar não é gerenciar. Não adianta ver e não ter capacidade de resposta. A gestão requer controle e comando.

Precisa ter conhecimento da sua capacidade material, dos seus meios, planos, como vai reagir, a equipe de resposta. Como é que você vai falar com o mundo exterior? Quem vai lhe dar apoio? Como é que você controla essa operação?

Então, o monitoramento está contido no centro de comando. Ele é um ativo, um item de informação, contribui, mas não é gestão. O fato de estar monitorando alguma coisa não quer dizer que se tenha a capacidade de gestão. Por isso, o centro de comando traz essa peça e permite a elevação de nível em relação ao cumprimento da missão.

Por fim, é importante lembrar também que para um C2 entregar a performance esperada, é essencial que ele conte com uma infraestrutura de TI e datacenters que estejam absolutamente disponíveis e seguros nessa retaguarda da operação. E isso?

Osório – Agora você trouxe duas coisas que andam juntas e são indissociáveis: o processamento/guarda do dado e a operação. Então, essa questão é muito importante. Quando falamos de centro de comando, falamos de operação crítica e missão crítica, onde o dado é o mais importante. Olhando pelo lado da produção do conhecimento, o dado gera a informação que é responsável pela formação do conhecimento para tomada de decisão.

Então é isso: um parâmetro simples, mas que precisa ser altamente respeitado. Dessa forma, o dado é a base de todo processo. Entendido assim, todos os dados produzidos pelos mais diversos recursos como IoT, devem ser tratados e armazenados de forma segura, estando disponíveis quando necessário. É aí que entra a importância da forma como eles são armazenados e qual a arquitetura desenhada para estarem disponíveis.

Não adianta ter o seu centro de comando se ele não consegue ir a lugar nenhum pegar o dado, que precisa estar protegido e ser fornecido na hora certa. Esta é mais uma situação.

Qual é a estrutura que se tem para levar o dado armazenado dentro do data center até o C2? Isso mostra que a construção de um centro não é simplesmente uma obra civil: ela abrange uma série de condicionantes, com estruturas que precisam atender a padrões internacionais diferenciados, seguindo as mais diferentes normas, considerando que são ambientes de missão crítica e por isso a infraestrutura também é crítica.

E tem a questão de demandar tecnologia para o tempo real. Então, quando se atua em tempo real, não adianta, acabou. A tecnologia muda e, para uma infraestrutura crítica, isso é um fator complicador para desenhar soluções ao cliente.

Como uma empresa brasileira, a green4T é a única com capacidade de entregar um centro integrado de comando e controle e um datacenter. Normalmente, as empresas fazem bem um ou outro. Nós somos a única e atendemos os clientes de forma completa em todas as suas necessidades. E, o mais importante, dentro de padrões internacionais para ambientes especificamente construídos.

Qual é o diferencial nosso, importantíssimo, que não é percebido muitas vezes: nós não terceirizamos conhecimento. Nosso gerentes-chaves estão dentro de casa. Nós temos um grupo para data center, outro para centro de comando – neste caso particular, por sorte, nós trabalhamos há mais de oito, dez anos juntos o que dá uma certa tranquilidade para quando falamos com o cliente.

E falamos de uma forma completa! Abrangemos todas as pontas, cada um dentro da sua vertical, da área de conhecimento. Mas, como empresa, nós atendemos ao cliente 100%. E como é que nós provamos isso? Temos mais de 400 centros de comando e controle implementados e operando, onde nós construímos do zero: a partir do gramado, a gente constrói. E também já retrofitamos, o que nos dá esse número vantajoso aí de 900. E datacenter nós cruzamos os 900 já tem algum tempo, inclusive na América Latina e Europa.

Esse fato possibilita não só ter total domínio do processo, que é importante – nós temos uma metodologia como empresa, temos a expertise, então, dominamos o processo – e damos ao cliente a máxima segurança. E outra coisa, devido a nossa metodologia. Nós olhamos o problema e, com o conhecimento, nós apresentamos a solução do problema. Ou seja, nós não temos uma solução na prateleira, mas uma metodologia. Procuramos entender e apresentamos a solução. Até hoje tem dado certo.

Muito bem. Bom, excelente essa nossa conversa, mas a gente realmente precisa encerrar o episódio. A gente falou sobre C2 e a integração de dados para uma gestão eficiente de ambientes críticos. O convidado, a quem eu já agradeço, foi Nelson Osório Castro Filho, Gerente de Defesa e Segurança da green4T. Osório, muito obrigado mais uma vez pela sua participação.

Osório – Estou à disposição. Agradecemos e sempre que precisar, será um prazer participar dessa conversa, desse bate-papo. Obrigado!

Nós que agradecemos. Então é isso. Se você gostou desse conteúdo, curta e compartilhe ele em suas redes sociais. Nós ficamos por aqui. Obrigado pela companhia e até a próxima!