Sala-Cofre: a proteção máxima do data center – Episósio 34

Em tempos de alta demanda por dados, proteger os data centers das mais diversas ameaças e garantir a sua disponibilidade para a operação é fundamental. Veja como podemos proteger o centro nervoso e vital das empresas com uma solução modular segura e a prova de tudo.

Sala-Cofre: a proteção máxima do data center – Episósio 34

Em julho de 2021, um incêndio de grandes proporções destruiu grande parte do edifício que abrigava a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul. O prédio, localizado na capital, Porto Alegre, teve sua estrutura e todos os seus nove andares comprometidos. Pouca coisa restou inteira lá dentro e apenas uma ficou intacta: a Sala-Cofre que protegia o data center da instituição.

Apesar das altas temperaturas, da água usada pelos bombeiros, dos escombros que caíram sobre ela e da fuligem causada pela fumaça, seu interior permaneceu absolutamente intacto. “Parecia como nova”, testemunha Gabriel Bob, Coordenador de Produção da Sismetal, uma empresa green4T, responsável pelo equipamento.

O profissional explica no podcast greenTALKS mais detalhes deste e de outro caso recente envolvendo a Sala-Cofre, elenca a série de testes ao qual ela é submetida para ser considerada verdadeiramente segura e quais os critérios são considerados para se definir o uso deste tipo de instalação. Acompanhe na entrevista a seguir concedida ao jornalista Fabiano Mazzei.

Fabiano Mazzei – Olá, seja muito bem-vindo, seja muito bem-vinda a mais um episódio do podcast greenTALKS. Eu sou Fabiano Mazzei e lembro que você pode encontrar este conteúdo aqui no Spotify, no YouTube, em nosso blog Insights e também em todas as nossas mídias sociais.

Neste episódio vamos falar sobre “Sala-Cofre: a proteção máxima do Data Center”, onde vamos focar nesta solução de alta segurança que desenvolvemos por aqui.

Para falar sobre este assunto nós convidados Gabriel Mercatelli Bob, que é Coordenador de Produção Sênior da Sismetal, uma empresa green4T. Gabriel, seja muito bem-vindo ao podcast.

Gabriel Bob – Tudo bom, Fabiano? Primeiramente, queria agradecer pelo convite. Acho uma honra poder ajudar vocês nessa geração de conteúdo e tentar explicar um pouco melhor as soluções que estamos fazendo na Sismetal.

Fabiano – Muito bem, vamos começar, então, com um episódio do ano passado que foi quando a empresa ganhou uma fábrica nova no interior de São Paulo. Conte para a gente quais foram as vantagens e os benefícios desta mudança.

Gabriel – Vamos lá. Para quem não sabe, a empresa ficava localizada em Diadema, região do ABC, em São Paulo, e nos deparamos com uma necessidade de espaço. Então, precisávamos encontrar um local que atendesse a essa necessidade, visando melhorar os nossos processos para obter mais eficiente. Fizemos um investimento, adquirindo duas novas máquinas para melhorar nossos produtos, a qualidade e, obviamente, tentar reduzir os custos. Vimos também uma necessidade de ampliação de espaço. Atrelado a isso, buscávamos um local que facilitasse o acesso a compra de materiais, próximo a fornecedores, como também ajudasse na na hora da entrega dos produtos.

Encontramos em Sorocaba (SP), um grande polo industrial, com vantagens como ótima localização, próximos de rodovias, o que facilita muito a logística da fábrica. Isso permitiu a aquisição de novos equipamentos, que melhorou muito e vem melhorando continuamente nossos processos para ter produtos com maior qualidade e redução de custo. Estas foram as duas principais vantagens conquistadas com a mudança.

Fabiano – Perfeito. No ano passado também, Gabriel, a Sismetal fechou contratos importantes no mercado internacional. Você podia contar para a gente um pouco quais foram esses contratos e qual a expectativa da empresa a partir de agora?

Gabriel – A Sismetal se tornou uma produtora global de soluções e produção de data centers modulares. Atendemos ao mercado mundial, com foco principal na Europa e na Ásia. São clientes dos mais diversos ramos, de governos ao setor financeiro, por exemplo. Nossa demanda internacional cresceu muito!

Para se ter uma ideia, no ano passado fechamos um contrato de 120 Salas-Cofre para um único cliente! Nesse caso, aliás, os módulos estavam sendo usados para edge computing. Também temos contratos na Alemanha, República Tcheca, Suíça e Egito. O portfólio de clientes está bem diversificado e a nossa expectativa é cada vez mais atingir locais onde ainda não fornecemos. O mercado está bem aquecido.

Fabiano – Isso é ótimo. Você falou de um tipo de sala para edge e eu lembro que a Sismetal tem dois produtos que são carro-chefe da empresa: a Sala-Cofre e a Sala Segura. Qual é a diferença entre esses dois produtos e quais as características especiais que definem cada um deles?

Gabriel – É ótima pergunta, muita gente tem essa dúvida. Fisicamente e no visual, elas são muito parecidas, até pela modularidade. Costumamos compará-las a peças de Lego, que se encaixam para fazer crescer, expandir a infraestrutura de processamento de dados do cliente. Ambas têm essa modularidade. São muito parecidas.

Mas quando entramos na questão da segurança, cada uma tem suas características e seguem normas de certificação diferentes. Então, começando pela Sala-Cofre, ela segue a norma NBR 15247, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), considerada a mais rígida quanto a proteção contra incêndio e outras ameaças.

Nossa Sala-Cofre passar por oito testes: de incêndio, de jato d´água e pó, impacto mecânico, eletromagnetismo, arrombamento, armas de fogo e explosão. Entrando no detalhe para mostrar a rigorosidade dessa norma, simulamos um incêndio real, onde construímos uma versão compacta de uma Sala-Cofre e a levamos a um forno onde fica submetida a altas temperaturas por uma hora. A temperatura máxima é chega a mais e 1.000 graus Celsius. A sala fica exposta por uma hora e verificamos se a temperatura interna não ultrapassa os 75 graus. Quando chega neste pico, desligamos o fogo e passamos para a fase do rescaldo, aguardando que a sala resfrie. O teste todo pode durar até 16 horas.

Isso para respeitar uma outra norma, a ABNT NBR 11515, que dá parâmetros de umidade e temperatura para a proteção do hardware. Para não danificar os equipamentos que estão dentro do data center, você tem de garantir que a temperatura interna não passe de 75 graus Celsius, nem que a umidade atinja 85 graus.

Durante este teste também simulamos o impacto de escombros em um eventual desmoronamento da estrutura do local. Soltamos uma bola de concreto pesando 200 quilos que bate na Sala-Cofre como se realmente estivesse desmoronando ao prédio.

Também é feito o teste de água e pó, importante em caso de atuação dos bombeiros em um incêndio ou pela própria ação dos sprinklers do prédio. Simulamos tanto a entrada de pó, quanto de água na Sala. O data center precisa permanecer estanque.

No caso da Sala-Cofre, a norma exige um nível de proteção contra a água classificada como IP66: ou seja, o equipamento tem de resistir completamente à entrada de pó e jatos de água, como se atirada por bombeiros. Nossa solução alcançou o nível IP67, que indica que a Sala pode ficar até submersa, com uma coluna de água de 1m cúbico sobre ela por 30 minutos e não deverá permitir a entrada de água. Tem um teste de arrombamento: um “criminoso profissional” simulado, com certas ferramentas (pé de cabra, machado, furadeira) e a porta da Sala-Cofre não pode não pode ser violada. No caso, isso gera um nível de proteção categorizado como WK4, contra arrombamentos.

Também tem um teste curioso é o de blindagem. A gente submete os elementos da sala a tiros de balística para testar sua proteção e a integridade dos componentes interno. Testamos com uma submetralhadora de 9mm e a Sala-Cofre resistiu. Fazemos um teste de explosão para realmente simular uma invasão. São usados cerca de 200 quilos de dinamite e, neste caso, a parede da sala chega a se deformar levemente, retornando ao formato original em seguida.

A Sala-Cofre também protege contra eletromagnetismo, um tipo de ataque onde as pessoas tentam roubar dados ou interferir no funcionamento do data center. Por ser toda de aço. A Sala protege dessas interferências e ataque eletromagnético. Então, em resumo, a solução passa por diversos testes e resiste muito bem.

Agora, quando falamos da Sala Segura, a norma a ser obedecida é a 10636 que visa testar partes com divisórias, piso, teto: não tem o conceito de testagem do conjunto inteiro. Paredes e portas são expostas a labaredas de fogo de até 150 graus Celsius. E estes compartimentos também são verificados diante de jatos de água e pó. Os demais testes não são realizados.

Então, quando se compara uma solução a outra, é importante avaliar três fatores. O primeiro é fazer uma análise de risco do local. É preciso saber se o local onde será instalado o datacenter tem risco de incêndio, de inundação, por exemplo. Depois, avaliar a criticidade da informação: o quão crítico ela é para a operação do cliente. Por fim, determinar a importância da disponibilidade da infraestrutura. Se é possível, caso haja necessidade, interromper o funcionamento do data center.

São esses fatores que normalmente analisamos em um ambiente. Um prédio compartilhado com outras áreas da empresa, por exemplo, traz muitos riscos de acidentes: a fiação elétrica pode dar curto, o banheiro do andar de cima pode apresentar vazamentos e infiltrações sobre o data center, enfim.

Se não é possível interromper o seu funcionamento do ambiente, se este é o site de dados principal do cliente, então, é preciso partir para uma solução de Sala-Cofre que proteja fortemente o data center destes riscos. Adora, em se tratando de um site backup do cliente, em local outdoor e isolado, com baixo risco de incêndios ou alagamentos, de mínima criticidade, vale mais a pena investir em uma Sala Segura. É preciso comparar os ambientes e as operações para definir qual é a melhor solução para o negócio.

Fabiano – Eu lembrei aqui de um caso bem interessante a esse respeito, sobre uma Sala-Cofre que era utilizada na Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul e que, em julho do ano passado, passou por um grande incêndio que destruiu todo o prédio do órgão, que ficava na capital, em Porto Alegre. O que aconteceu com aquela Sala-Cofre?

Gabriel – Para contextualizar, se não me engano esse incêndio acontece em meados de julho, por volta de 18h. O cliente acionou a nossa equipe e rapidamente fomos para o local para ver o ocorrido. Quando chegamos lá, a equipe se deparou com o prédio totalmente em chamas. Diversos andares do prédio completamente tomados pelo fogo.

Como ali era uma secretaria que fornecia serviços básico para a população, como o Disque 190, nossa primeira ação foi restabelecer o mais rápido possível estes serviços. O cliente disponibilizou um local provisório e usamos alguns equipamentos que temos em estoque para  montar um novo site de backup praticamente no mesmo dia. O objetivo era, pelo menos, reestabelecer os serviços.

Os bombeiros demoraram uns dois dias para conseguir realmente controlar todo o fogo. Olhando de fora, o prédio ficou completamente destruído. Depois, precisamos de uma semana para conseguir a autorização dos bombeiros para entrar no site, pelo risco de colapso da estrutura. Quando entramos, o cenário era de destruição total.

Bem diante da Sala-Cofre havia um Centro de Comando e Controle, onde os funcionários realizavam toda a operação. Esta área – que era uma Sala Segura, no conceito – ficou completamente destruída. Computadores queimados, TVs com a tela derretida, as paredes todas chamuscadas, pretas. A parede que fazia divisa com a Sala-Cofre estava queimada, mas inteira. Quando abrimos, enfim, a Sala-Cofre, ela estava intacta: parecia ter sido instalada naquele momento! Paredes limpas e brancas, equipamentos perfeitos, sem sinal de fogo, fumaça, umidade ou fuligem. Parecia nova.

Conseguimos retirar e salvar todos os equipamentos do cliente. Se tivéssemos que fazer um data center todo novamente como aquele, demoraria cerca de 6 a 10 meses. Isso contando com a situação atual, com as questões dos prazos de importações, por exemplo. Aquela Sala-Cofre cumpriu a sua função. Realmente protegeu os ativos e os dados da Secretaria e ainda reduziu o tempo para restabelecer o data center.

Fabiano – Você lembra de outro case semelhante a esse?

Gabriel – No ano passado, um cliente em Brasília teve a Sala-Cofre, que ficava em um subsolo, totalmente imersa pela água da chuva durante um temporal. Chegou a um metro e meio no lugar onde estava o data center. Do lado de fora, havia ma espécie de arquivo e tudo foi perdido.

Após a água baixar totalmente, fomos ao local fazer a checagem e foi a mesma coisa: não havia qualquer resquício de água. Nem parecia que tinha chovido! Então, mais uma vez, a importância de analisar os riscos e partir para uma solução que proteja de forma eficaz. E apesar da Sala-Cofre possuir nível de proteção IP67, teoricamente para até um metro de água, vimos que ela resistiu, ficando horas debaixo d´água e sem deixar passar uma gota sequer ao data center.

São dois bons exemplos, de Porto Alegre e Brasília, de como é importante este tipo de solução para o cliente. Evidentemente, determinada após a análise prévia de criticidade, disponibilidade e do nível de risco do local.

Fabiano – Perfeito, Gabriel, Acho que a gente conseguiu dar uma dimensão real da importância da solução Sala- Cofre e da Sala Segura também. O que cada uma dessas soluções oferece. Eu queria te agradecer, então, mais uma vez pela entrevista. E espero que você volte mais vezes aqui para o podcast.

Gabriel – Obrigado! Mais uma vez, espero que tenha ficado clara as diferenças e usos. Fico à disposição para participar mais vezes. Obrigado pelo convite mais uma vez.

Fabiano – Então é isso: se você gostou deste conteúdo, por favor, curta e compartilhe em suas redes sociais e também veja outros conteúdos relevantes sobre tecnologia que postamos em nosso blog Insights, no YouTube e em nossas mídias sociais. Muito obrigado e até a próxima!