Novas tecnologias – Episódio 7

Como as novas tecnologias tem moldado a chamada nova economia digital? Qual o impacto das inovações tecnológicas nos modelos de negócio das empresas e na relação entre marcas e consumidores? Este é o tema deste podcast com Carlos Eduardo Chicaroni, Gerente de Soluções de Tecnologia da green4T.

Novas tecnologias  – Episódio 7

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Me chamo Renata Fonseca, e sou Gerente Executiva de Marketing na green4T. Nesta sétima edição teremos uma conversa com **Carlos Eduardo Chicaroni, Gerente de Soluções de Tecnologia da green4T**, sobre **Novas tecnologias**.

**Renata:** Olá Cadu, muito obrigado pela presença!

**Carlos Eduardo:** Olá Renata! Olá pessoal da green4T! Eu que agradeço o espaço e a oportunidade de conversar com vocês sobre este assunto, que é simplesmente sensacional: Tecnologia. E tem muita coisa para gente falar.

**Renata:** Sim. Estamos empolgados com este tema! Bom, Cadu e o que você tem para nos contar sobre **as novas tecnologias que estão porvir e devem impactar na nossa economia?**

**Carlos Eduardo:** Renata, esse assunto é super apaixonante! A gente vai falar um pouquinho de coisas que parecem saídas de histórias de ficção científica. Mas o fato é que já estão presentes no nosso mundo e já começam a fazer parte do nosso dia a dia. Soluções de tecnologia que se juntaram com outras disciplinas que a gente nem fazia ideia que poderiam se complementar e criaram novas soluções. Um exemplo é a Economia com Blockchain, que criou o Token Economy, economia baseada em tokens. Juntando economia com psicologia, temos a inteligência artificial e Big Data criando Behavior Economics. E quem usa muito isso? Banco. Para traçar perfil socioeconômico do seu correntista, tratar fundos, prever novas soluções, produtos e serviços. Permite ao banco se antecipar e oferecer novos tipo de serviços para o cliente.

Economics + Blockchain = **Token Economy**

Economics + Psychology = **Behavior Economics**

Unindo a psicologia ao marketing, criamos o branding, usado para construir marcas mais valorizadas, fidelizando ainda mais o cliente na ponta. Existem uma série de estudos utilizando Inteligência Artificial somado a Big Data que trazem estes novos insights através da busca, extração, coleta de informações e análise de dados. Tudo isso para trazer um maior nível de fidelização e, obviamente, gerar mais recursos para as marcas.

Já somando o Marketing com Inteligência Artificial temos o Growth Hacking, que, muito resumidamente, podemos dizer que prevê o crescimento da marca, do produto e do serviço.

Marketing + Psychology = **Branding**

Marketing + AI = **Growth Hacking**

E por fim, um que eu adoro, que é a Biotecnologia, a junção da Biologia com a computação.

Biology + Computer Science = **Genetic Engineering**

Hoje nós estamos vivendo um momento de singularidade. Todas essas tecnologias que eu citei aqui para vocês, por alto, nos permitem criar outras. E isso faz com que a curva de ascensão de novas tecnologias seja diminuída. Ou seja, cada nova tecnologia que se cria, serve de base para implementar uma nova que se pensava impossível até 05 ou 10 anos atrás. Então, essa curva é diminuída drasticamente. Ao invés de levarmos 10 anos para desenvolver uma tecnologia, a gente leva 2 e assim sucessivamente.

Quer ver uma coisa bem legal? Eu vou utilizar agora um exemplo que já é realidade nos Estados Unidos e foi copiado pela Fiture Chinesa: o espelho personal trainner da Mirror. Um espelho conectado à internet. Por trás dele, há uma tecnologia de projeção que permite que o professor se conecte ao seu espelho, e se você quiser os seus amigos também, e vocês podem partilhar uma aula em real time, inclusive competir juntos, embora você esteja na sua casa. Você não precisa mais ir a academia.

Essa startup americana foi comprada por uma empresa de roupas de ginástica, a Lululemon. E por que essa empresa de roupas de ginástica fez isso? Porque durante a pandemia ninguém mais saía de casa e ela viu que as roupas de academia, corebusiness da empresa, não iam mais ser vendidas. Então ela comprou um espelho personal trainer, trouxe para dentro da companhia, e hoje ela vende o espelho e as roupas. Ou seja, ela juntou os dois mundos, criou um mundo perfeito para ela, obviamente, e as pessoas continuaram a ir para a academia, só que agora de dentro do seu quarto, e continuam a consumir as roupas da Lululemon.

Agora, tem essa essa aqui que eu simplesmente amo de paixão, acredito que essa tecnologia vai mudar o mundo.

Você sabia que a gente já tem um biochip produzido com neurônios de ratos? Esse chip é construído, com neurônios de ratos e a diferença para um chip normal é que ele tem a capacidade de processar e armazenar e, por ser um chip biológico, ele sente cheiros. Sabe o que isso significa para a humanidade? Este chip está sendo implementado nos aeroportos, mais especificamente no aeroporto de Los Angeles e tem a capacidade de sentir o cheiro dos componentes usados para construir bombas. Isso reduz drasticamente o tempo de espera nas revistas e uso de cães farejadores, uma vez que o chip faz a leitura do cheiro.

Este chip também é utilizado em plantações para detectar automaticamente o tipo de praga em uma plantação. Mas o melhor de tudo, o melhor uso para este chip: ele releva se você tem câncer ou prevê com assertividade se você terá ou não a doença em até 10 anos.

Agora imagine o seguinte: chips como esse estão sendo desenvolvidos e poderão ser implementados para trazer de volta, por exemplo, a visão e movimentos a quem perdeu. Eu acho que essa é uma das grandes sacadas da tecnologia que nós temos vivido hoje, o benefício para o ser humano. Poder trazer uma sobrevida, uma supervida, uma nova vida às pessoas.

**Renata: Agora falando do que já vemos acontecer no dia a dia, que tecnologias você poderia destacar como as mais relevantes?**

**Carlos Eduardo:** Eu gosto de dizer que estas tecnologias têm que ser tratadas como tecnologias core ou tecnologias presentes. Não tem mais como viver sem elas, uma vez que já estão remoldando o mundo. Eu cito de cara: **Big Data, Inteligência Artificial, Machine Learning, Blockchain**, com um perfil voltado ao segmento financeiro, **5G** e **IoT**, como parte de automação e comunicação e **Realidade Aumentada**. Esta última uma tendência que nos próximos 2 ou 3 anos vai mudar muito a forma como as pessoas encaram a atividade física e o ato de comprar. Por exemplo, quando você entrar na sua casa, você vai utilizar um óculos de realidade aumentada que estará fazendo a leitura da sua casa e ao mesmo tempo te colocando em um ambiente digital. Vai identificar itens que precisam ser repostos em sua dispensa, fazendo conexões com promoções disponíveis para compra de acordo com o seu perfil. Todos estarão conectados e se comunicando e, para isso, segurança é fundamental. **CyberSec é mandatório**. Dentre todas essas tecnologias que citei: Big Data Inteligência Artificial e Machine Learning estão pavimentando nossa estrada para o futuro.

**Renata: No futuro, as transações comerciais serão todas ‘sem dinheiro’? Ou isso já é uma realidade?**

**Carlos Eduardo:** Olha do que eu tenho visto, já é uma realidade. E uma realidade transformadora. A China se tornou a primeira nação cashless, ou seja, ela não tem dinheiro em espécie, a cédula. Ela transaciona tudo de maneira digital. Vou dar alguns exemplos.
Você certamente conhece o Alibaba, Tencent, Wechat – app equivalente ao whatsapp na China. O Alibaba, que é uma das maiores empresas do mundo, um conglomerado gigantesco, tem uma rede de supermercados chamada Rema. Sabe como é que você faz compra no Rema? Apenas via app. Não adianta você levar a sua carteira com dinheiro ou cartão de crédito. Para os clientes que não possuem o celular no momento da compra eles oferecem uma solução de pagamento através de reconhecimento facial.
Nas vending machines você só efetua a compra por meio de um QRCode, efetuando o pagamento por meio de aplicativos como wechat. E é assim que você efetua as compras de modo geral na China, a primeira sociedade cashless.

Essa nova dinâmica começou a transacionar um volume financeiro elevado. Em 2015, **os bancos chineses perderam 22 bilhões de dólares para a Alibaba e Tencent**. Você tem aqui uma mudança radical dentro do modelo financeiro.

Entre 2010 e 2016 o mercado subiu de **155 bilhões de dólares transacionados de maneira digital para 11.4 trilhões de dólares**, e o percentual que está na mão destes apps, Alibaba e Tencent, é de 56%.

Eu chamo a atenção para um novo caso, ainda relacionado a uma sociedade cashless. Se o dinheiro sumiu de circulação, como é que as pessoas em situação de rua vão pedir ajuda?

Na China, as pessoas em situação de rua tem o seu próprio QRCode. Quando elas vão pedir ajuda, elas apontam o QRCode para que, por meio de um app instalado no seu celular, a doação possa ser realizada.

**Renata:** O bom da tecnologia é que ela sempre gera uma solução a partir destas transformações que vão moldando a sociedade.

**Carlos Eduardo:** Exatamente, todo círculo vicioso tem um virtuoso. Então a tecnologia à medida que ela vem mudando o mundo ela também traz novas oportunidades. O que a gente precisa é entender essas oportunidades, se posicionar e mudar a nossa mentalidade para abraçar a mudança.

**Renata: Como estas novas tecnologias estariam também alterando o modo de produção de alguns produtos e serviços?**

**Carlos Eduardo:** Eu tenho certeza que este novo cenário será ultra revolucionário. Vou usar um exemplo muito próximo ao que eu trouxe relacionado ao uso do biochip. Imagine, e isso já existe, que você vá ao KFC e peça nuggets. Você ficaria espantada se eu dissesse que este nugget foi produzido através de uma única célula, de uma única galinha dentro de um bio-reator? E não de uma galinha que estava em uma granja, comendo uma ração x, y, z, que não conhecemos profundamente os componentes, e foi abatida para virar comida?

Algumas empresas na Califórnia, como a Memphis meats, produzem proteína da carne de frango, gado, porco, *foie gras* e salmão. Estas proteínas são utilizadas por grandes redes de alimentos como o KFC. E como elas fazem isso? A partir das células selecionadas de um único animal a proteína cresce em um bio-reator e o resultado disso é uma proteína exatamente igual, com o mesmo gosto e aparência da carne. Agora imagine o impacto dessa tecnologia no meio ambiente. Ao invés de se ter rebanhos de gado, granjas imensas de galinhas, fazendas de salmão você tem na verdade um único pack de células que vai ser armazenado e reproduzido infinitamente. Hoje, aproximadamente, 270 empresas estão envolvidas no processo de levar a carne até a sua mesa, desde a criação, abatedouro, logística e outros. O que nos traz uma boa perspectiva quanto tamanho do impacto que estas novas tecnologias vão trazer para nós.

**Renata: Qual o papel da inteligência artificial neste processo de digitalização total da economia?**

**Carlos Eduardo:** A inteligência artificial nesse processo todo representa um dos grandes catalisadores da transformação. Ela vai ser fundamental para sustentar todo esse processo, trazendo insights que olhos humanos não conseguem trazer. IA aliada a outras tecnologias, como Big Data e Machine Learning, vai conseguir nos levar a um outro patamar de eficiência para prover não só melhores produtos e serviços, mas para uma vida melhor. Sendo utilizada da maneira correta, preparada para responder as perguntas corretas, essa tecnologia vai trazer uma série de benefícios para humanidade. É a IA que permeia e está integrada a absolutamente tudo para tornar nossa vida mais fácil, melhor, mais produtiva, menos complicada.

Imagine em uma cidade inteligente a complexidade para gerir as milhares de tecnologias que estarão disponíveis. Se não tivermos uma tecnologia complexa como a IA nos ajudando, será impossível. O que temos que decidir mais a frente é se ela toma ou não uma decisão sozinha. E isso é um assunto que envolve outros temas como ética e vale um podcast para tratar somente desse tema: ética vs inteligência aritificial, o que você faria? Eu ainda não sei (risos). Hoje eu não consigo imaginar a minha vida sem a inteligência artificial. Até a Alexia, que é a nossa assistente lá em casa, tem inteligência artificial, que é a junção de duas tecnologias: voz e inteligência artificial. Você faz uma pergunta para ela e ela faz uma varredura na rede e cruza com as informações do seu perfil para te trazer uma informação. Ela está tão presente em nosso dia a dia que já nem percebemos mais. Então não adianta temermos essa tecnologia, ela já está aqui, trabalhando para nós e por nós.

**Renata: Você comentou sobre como a IA ajuda a coletar esses dados, mas tem uma questão de processamento também. Como a gente coleta, processa, armazena e usa estes dados de forma inteligente? O que você pode falar para nós sobre esta infraestrutura que suporta toda essa inteligência?**

**Carlos Eduardo:** A gente sabe que o volume de dados vai exponencializar e isso vai exigir uma infraestrutura digital muito bem azeitada para suportar toda essa operação. Sabemos que não vai haver uma solução única para a inteligência artificial e para que estes grandes volumes de dados possam ser processados, insights gerados, e as informações estejam disponíveis para tomadas de decisão, operação de novos produtos, salvar vidas, quiçá. É preciso uma **infraestrutura extremamente robusta, híbrida, envolvendo soluções de borda, core e nuvem** que sejam capazes de processar este alto volume de informações e entregar isso em tempo real, quando necessário, para uma tomada de decisão na ponta. Estamos falando de soluções Edge e tráfego de dados de altíssima velocidade, o 5G já é uma pré realidade no Brasil. Você pode levar isso para um Data Center, para um IoC, por exemplo, para ser processado, quando você não tem uma necessidade de uma informação real time. Ou você pode jogar isso para nuvem, quando você vai estudar dados históricos ou aqueles dados que podem aguardar um pouco mais para serem processados.

Então, novamente, quem trabalha com este tipo de solução que vai consumir muitos dados precisa, sim, prover uma infraestrutura digital muito bem azeitada, compatível e planejada para que não haja a ruptura ou o não fornecimento do serviço.

**Renata: Para concluir, como as empresas deverão se adaptar a este momento?**

**Carlos Eduardo:** Nunca é simples se adaptar a uma solução para a qual nós não estávamos preparados. A palavra-chave é justamente adaptabilidade. Hoje temos tecnologias do século XII, mindset do século XX e instituições do século XIX. Ou seja, precisamos de uma mudança cultural. Ao invés de visar unicamente o lucro, é preciso criar valor; ao invés de eliminar o risco, abraçar o risco; adaptabilidade em detrimento a estabilidade, hoje quem se dá melhor é quem se adapta melhor. E quando falamos em prover soluções e serviços, precisamos esquecer a estandardização, as empresas precisam fornecer serviços personalizados, as pessoas têm a necessidade de se identificar com as empresas. E nunca esperar, repensar sempre o seu modelo de negócios, sempre. Não se pode ficar parado. É preciso estar de olho no que está acontecendo no mercado, em ideias que talvez pareçam esdrúxulas. Quantas ideias não pareciam impensáveis há 30 anos atrás e hoje são uma realidade? Não teremos mais esse hiato de 30 anos, ele nunca mais vai existir, hoje falamos de um tempo máximo de 2 a 3 anos para que uma nova tecnologia seja criada, aceita, esteja em voga para depois em 5-10 anos ser descontinuada.

Faço um parêntesis aqui com o Covid-19, que fez com que a curva de adoção de tecnologias fosse completamente afetada e achatada. Muita gente não utilizava o IFood, por exemplo, mas a partir do momento que você está trancado dentro da sua casa e você precisa comer, fazer um supermercado, você recorre a este tipo de serviço. Nesse meio tempo outras empresas foram se adaptando, por exemplo, o cartão Alelo, antes você só podia fazer compra de alimentação. Um dia cheguei no supermercado e descobri que podia pagar com meu Alelo, pois diante do cenário da pandemia as empresas começaram a se adaptar, agregar novos serviços, isso foi crucial para sobrevivência delas. Assim tem que ser para nós também. Aproveitar as oportunidades que estão acontecendo. O mundo não vai acabar, ele está apenas mudando. A pandemia tem representado um catalizador de mudanças. Empresas que atuam no modelo tradicional, fecharam. Quem não estava preparado ou vinha trilhando o caminho da transformação digital fechou as portas ou está sofrendo fortemente para se manter no negócio. O formato tradicional de comercialização mudou. Nada mais será igual ao que tínhamos no começo do ano. E essa transformação só foi possível por meio da tecnologia, ela já estava disponível. E o que vai acontecer agora: momento da curva de aceitação e adoção destas novas tecnologias. Isso vai fazer com que novas tecnologias sejam criadas, as empresas precisam estar preparadas e de olho nestas tecnologias porque não é um mandatório só de modelo de negócio ou software, aqui estamos falando da infraestrutura. Ela que sustenta todo esse modelo. Sem uma infraestrutura digital bem definida a gente não tem sustentação. Sem sustentação, não há bom modelo de negócio que resista. Então meu recado é: manter olhos bem abertos, mudança de mindset, nunca esperar, sempre repensar seu modelo de negócios, sempre estar atento as mudanças, por mais malucas que elas possam parecer. Quem diria que eu teria um espelho dentro de casa que permitira me fazer exercícios, junto com meus amigos, em qualquer lugar do mundo? Só preciso estar conectado à internet. Até o ano passado isso não existia.

**Renata:** Muito bem, nós conversamos aqui com **Carlos Eduardo Chicaroni, Gerente de Soluções em Tecnologia da green4T** sobre as **Novas Tecnologias**.
Cadu, muito obrigado por compartilhar os seus conhecimentos conosco.

**Carlos Eduardo:** Mais uma vez quem agradece sou eu. Obrigado a todo o time da green4T. Espero voltar em breve!

**Renata:** Então é isso, convido você a continuar a acompanhar o nosso podcast e também outros conteúdos relevantes sobre a tecnologia da informação no blog INSIGHTS, no site da green4T.
Nós esperamos que tenha gostado desta edição. Muito obrigado e até o próximo programa!